Frente ao fogoDa fera afoita e falsaA faca fértil da força A fé na façanha da florFincando a farsa.

Menos camomila, menos flor-de-maracujá, mais flor-carnívora.Nem rosa muda nem muda para poda ornamental nem flor que se cheire.Nem Maria de Espírito Santo nem Amélia que era a mulher da verdade de homem nenhum Nem dentes -de-leão: dentes-de-leoa.
Não são de pétalas as lágrimas nem são feitas para flor.

Chora homemDesaba na terra Desata da couraça de merdaCom choro, com velaSeja comido por ela:Pachamama está em festa!
Pois minha dor me interessaMas me interessa ainda mais saber que não nasci monogamicamente para a lágrimaMuito menos para você.E que também não cresciNem pra pia nem para o seu colchão "tamanho Rei"Nem para rir de suas piadas escroto-machistasNem com promessas santas a serem escritas na lápideNem para ser sua mãe e mãe dos seus filhos ou mãe dos seus privilégios ou dos abismos emoldurados de quem quer que seja
Não vim como obra de caridade Nem pra salvar a Idade das Trevas A bruxa segue solta!Segue sendo todas as evasEvas, heras e ervasElas e euE teu fogo não me queima mais nem me chama.

Quero mesmo é olhar nos olhos das minhas sombras, das minhas manhas, das minhas manas, das chamas nossas que nos amam muito maisE adentrar este mistério-fortalezaDe faróis acesos para mim mesma.Cavernas florescem orvalhadas no meu mergulho de auto-conhe-cimento, areia branca e sal E respiro e desfaço ninhos e descamo luas e sangro sem qualquer constrangimento.Danço "como uma flor que não pede licença para nascer".Desmorono, reconstruo e sigo.Sei que não estou só.

Neste mesmo embalo cantoE a voz de sereia também não me basta.Assanho em mim o verbo-substância transfor~mar.É intenso firmar os pés sob as ondas na tempestade.Mas vejo vida e poema renascendo entre eu e vocêToda vez que encaramos algum silêncio petrificado E atravessamos essa fenda no peito e na vozDe pés descalços e olhar valente Na direção de um horizonte vermelho.Poente de velhas morais Crescente de força, união e liberdade.