e agora me imagino deitada numa terra úmida e argilosa sob árvores antigas com tua gravidade toda entregue sobre meu corpo numa calmaria pulsante que abraça o morninho que repousa no cardíaco depois da tempestade... um moinho de afaguinhos-formiga-de-mangue, um enraizar macio de sábios segredos do alento comungado e uma gira cabocla de flechas luminosas que atravessam as camadas epiteliais das mãos do tempo, alcançam o centro da Terra e retornam seiva que percorre cobras vegetais até chegar de novo nas raízes dançantes deste corpo-um-só-corpo, sangue magma nas artérias, vermelho que inventa ninho em nossos úteros para acolher pássaros venusianos, pássaros que escorrem a cada lua uma voz nova para a ave-luz-mãe. Deixo-me semear deste brilho, permito-me ser atravessada pela sua flecha e me ofereço inteira à terra em gratidão.